Todo mundo concorda com a frase: “Quem tem amigos, nunca está só”. Porém, estudos estão mostrando que esta frase pode ser facilmente alterada para “Quem tem amigos, tem mais saúde”. Segundo um estudo inglês, viver sozinho e isolado é mais prejudicial do que o sedentarismo e a obesidade e pode até ser comparado ao alcoolismo quanto a seus malefícios à saúde.
A amizade é muito importante para o ser humano. A psicóloga de família e casais, Tatiane Scotta (CRP 07/15410), revela que o contato regular com pessoas que nos valorizam, que respeitam nossa forma de pensar, sentir e agir, e com as quais nos sentimos confortáveis para nos expressar, tem efeitos muito positivos sobre nossas emoções e pensamentos. “A verdadeira amizade proporciona excelentes benefícios, tanto físico quanto mental, podendo até mesmo prolongar nossas vidas. Quando nos sentimos acolhidos pelos amigos, as chances de resolvermos nossos problemas são maiores, pois ganhamos coragem para exteriorizar nossos anseios e sentimentos diversos sem medo da exposição”, afirma.
Enquanto muitos falam de amor ao parceiro ou aos filhos, alguns esquecem o valor da verdadeira amizade. Cientistas sociais vêm documentando há décadas os benefícios dos relacionamentos interpessoais. Tatiana destaca que estudos epidemiológicos demonstram que indivíduos socialmente integrados vivem mais. Relacionamentos pessoais ou mais próximos, por exemplo, com familiares, amigos e parceiros românticos atenuam a solidão e proporcionam bem-estar subjetivo, tendo, portanto, papel importante na felicidade pessoal e na promoção da saúde.
Ao longo da vida, com o casamento e o nascimento dos filhos, a tendência é deixar as amizades em segundo plano. No entanto, essa não é a melhor das atitudes, especialmente na maturidade. De acordo com a psicóloga, todos esses vínculos – colegas de trabalho, familiares e amigos – são essenciais na vida, mas a princípio, o que Tatiana percebeu nos atendimentos em consultório, é que o benefício psicológico do vínculo social nos dias de hoje está sendo mais consistente quando envolve os amigos. “Acredito que esse fenômeno aconteça muitas vezes pela falta de comunicação entre familiares, aí sim fica o sentimento de que a família não oferece o mesmo tipo de apoio e suporte íntimo que os amigos oferecem”, revela.
Alguns pacientes de Tatiana falam também que os pais não conseguem apoiá-los na hora certa, pois existe o fato de os mesmos sustentarem obrigações sócio-culturais, costumes de família que permanecem por gerações. Já com os amigos, em um primeiro momento, o papel é de escutar o outro sem julgamentos, avaliar para que então possa dar o apoio necessário. Em relação aos colegas de trabalho, a psicóloga revela que nem todos podem ser considerados amigos, pois até mesmo a disputa interna pelo poder impede o afloramento de amizades verdadeiras no trabalho.
Ter companhia fora dos ambientes familiar e profissional é uma verdadeira conquista, e, quanto mais amigos tivermos, melhor. Um estudo realizado pela Brigham Young University revisou 148 estudos sobre relacionamentos interpessoais e saúde de quase 309 mil pessoas por uma média de 7,5 anos. A partir desses dados, eles compararam as taxas de mortalidade com o nível de sociabilidade da pessoa estudada. Eles concluíram que ser sozinho e isolado é equivalente a ser alcoólatra, mais prejudicial que o sedentarismo, duas vezes mais prejudicial que a obesidade e tem o mesmo impacto negativo na saúde do que fumar 15 cigarros por dia.
Considerando estes dados impressionantes, a psicóloga alerta para que as pessoas valorizem suas amizades e busquem sempre novos vínculos afetivos para encontrarem a felicidade. “As pessoas que estão mais próximas de nós são as que fazem maior diferença para o nosso bem-estar”, finaliza Tatiana.