Que o vinho é a bebida dos deuses, não é novidade para ninguém. Estudos recentes comprovam que o vinho sempre esteve de alguma forma vinculado à história do homem por ser uma bebida com sabor e personalidade próprios ou pelos benefícios que traz à saúde. A nutricionista Sandra Fagundes (CRN 8903) revela que o vinho é considerado um alimento funcional, pois quando ingerido na quantidade adequada, contribui para a saúde do organismo humano, aumentando a qualidade e o tempo de vida no que diz respeito às doenças cardiovasculares, à quimioprevenção de vários tipos de câncer, e mesmo a doenças hepáticas e senilidade. “Produzido pela natureza como antibiótico natural, as ações terapêuticas se dão através dos compostos conhecidos como fenólicos. Dentre eles, podemos destacar o resveratrol, um antioxidante natural que provém da casca das uvas mais escuras e que tem sido destacado como um anti-envelhecedor e benéfico para o coração”, afirma Sandra.

Anita Konrath (CRN 8751), também nutricionista, ressalta que para escolher a bebida pela quantidade de resveratrol, deve-se dar preferência aos tintos franceses feitos com uva Tannat, onde se concentra grande parte desta substância. “A variação de uvas Shiraz também oferece uma elevada concentração de resveratrol”, complementa.

Consumo
“Nem muito e nem pouco”, é o que afirmam os especialistas e parece ser o princípio para se realçar os efeitos benéficos do vinho sobre a saúde. O consumo moderado tem influência benéfica na saúde do coração. Vários são os fatores que influenciam este consumo dito moderado, e os limites variam com o sexo, idade, constituição física, genética, tendência ao alcoolismo, condições de saúde e uso de outras substâncias (drogas e medicamentos).

Estudos comprovam que os antioxidantes têm importante papel para evitar patologias, como, por exemplo, doença coronariana e diversos tipos de câncer. Sandra revela que o consumo moderado do vinho é capaz de reduzir os níveis de LDL (Lipoproteína de Baixa Densidade – colesterol ruim) e aumentar os níveis do HDL (Lipoproteína de Alta Densidade – colesterol bom), evitando-se assim o risco de ateriosclerose e infarto do miocárdio. No que diz respeito à coagulação sanguínea, o vinho torna as plaquetas menos aderentes e reduz os níveis de fibrina, evitando que o sangue coagule em locais não adequados, prevenindo o infarto do miocárdio. Já nas doenças do cérebro, os efeitos mais conhecidos do álcool sobre o sistema nervoso são a embriaguez e a dependência alcoólica. Entretanto, quando consumido com moderação, o vinho parece reduzir o risco de demência, incluindo o Mal de Alzheimer. “Os polifenóis presentes nele (principalmente nos tintos e secos) são os responsáveis por evitar o envelhecimento das células cerebrais. A ação antioxidante dos polifenóis dos vinhos brancos é superior a dos tintos. Entretanto, a quantidade de polifenóis dos tintos é muito superior à dos brancos, tornando-se mais interessantes para as células cerebrais”, complementa Anita.

Além da ação antioxidante, os vinhos melhoram a circulação cerebral, assim como a circulação coronariana. As nutricionistas revelam que no diabetes o vinho consumido de forma moderada melhora a sensibilidade das células periféricas à insulina, sendo interessante nos pacientes com diabetes não insulino-dependentes. Além disto, o vinho reduz as chances de morte por infarto do miocárdio em pacientes com diabetes tipo II. “Os antioxidantes também desempenham importante papel para se evitar as doenças cancerígenas, bloqueando a evolução dos processos neoplásicos e atuando nos três estágios do câncer (iniciação, promoção e progressão)”, afirma Sandra.

Nos países europeus, o vinho é considerado um complemento alimentar, pois contêm carboidratos, vitaminas e minerais, provenientes da uva. Além da água, a bebida ainda fornece ao organismo energia na forma de glicose e frutose. Composta também por minerais, como o potássio, o cobre, o zinco, o flúor, o magnésio, o alumínio, o iodo, o boro e o silício que, mesmo em quantidades pequenas, são indispensáveis para que o organismo execute bem todas suas funções.

 Malefícios
Assim como qualquer bebida alcoólica, o vinho também causa problemas à saúde quando ingerido em demasia. Em 100ml encontra-se de 8 a 10g de etanol. “Quem ingere quantidades excessivas de vinho (mais de meio litro), independente de sua qualidade, está sujeito aos desagradáveis efeitos de intoxicação etanólica”, revela a nutricionista Sandra. Entre outros efeitos nocivos, o vinho gera desidratação do organismo. O álcool, quando absorvido, cai rapidamente na corrente circulatória, provocando vaso dilatação periférica, responsável pela cefaleia. Além disso, já está comprovado que o álcool, em doses mais elevadas, em vez de atuar como estimulante, age como depressor do sistema nervoso central, deixando o indivíduo sonolento, letárgico e sem nenhuma disposição para qualquer tipo de atividade, além do risco de se tornar dependente. “Está contra-indicado o uso de qualquer tipo de bebida alcoólica para os hipertensos, pois doses exageradas provocam alterações na pressão arterial. Não é indicado também para os pacientes que sofrem de problemas digestivos como úlceras, gastrites, distúrbios no pâncreas e no fígado”, ressalta Sandra.

Degustação e acompanhamento

As nutricionistas Sandra Fagundes e Anita Konrath elaboraram dicas de alimentos que combinam com cada tipo de vinho, confira:

Shiraz: é o mais pesado dos tintos. Sua tanicidade, característica de enxugar a boca, é alta. Estudiosos afirmam que seus antioxidantes superam os da vitamina E. Beba com carnes gordurosas e de sabor forte. O Shiraz faz uma boa limpeza nas papilas e deixa a boca preparada para saborear carnes untuosas.

Pinot Noir: a uva desse vinho é mais clara e delicada.  O resultado é uma bebida com taninos de baixa intensidade. Um copo por dia corta pela metade o risco de infartos. A dica é servir com carnes delicadas, como galinha e codorna, mas coloque pouco tempero para não apagar o gosto do vinho.

Merlot: conhecido pelo alto teor alcoólico, sabor suave e aroma de cacau e especiarias. As uvas Merlot são ricas em resveratrol. Acompanha bem carnes com molhos elaborados, como os picantes feitos com mostarda. Também vai bem com queijos. A quantidade de ácidos láticos propicia uma ótima degustação com o vinho.

Malbec: típico da Argentina,o Malbec apresenta acidez leve. Os vinhos que não passam por barris de carvalho são mais frescos e de cor mais forte. Suas uvas contêm bastante resveratrol. Experimente com carne vermelha. Churrasco é a pedida.

Carmenère: vinho encorpado e com baixa acidez. Os taninos são agradáveis ao paladar. A dica é ingerir carne bovina, massas e risotos à base de funghi vão bem.

Cabernet Sauvignon: contém bastante tanino, polifenóis responsáveis pela sensação de adstringência na boca. Vai bem com feijoada e pratos fortes de inverno.

Tannat: seus taninos são mais rústicos e o vinho é mais encorpado e ácido. A uva tem muitas proantoniacinidinas (quatro vezes mais do que o Cabernet), antioxidantes naturais que fazem bem para o coração e as artérias. Sirva com pratos rústicos e de personalidade.

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