Enéas Tognini nasceu em 20 de abril de 1914, em Avaré, interior de São Paulo. Morou muitos anos em Mato Grosso do Sul e formou-se em Teologia no Rio de Janeiro. Já casado, pastoreou a Igreja Batista do Barro Preto, em Belo Horizonte, e a Igreja Batista de Perdizes, em São Paulo. Dirigiu o Colégio Batista Brasileiro e fundou a Faculdade Teológica Batista de São Paulo e também o Seminário Teológico Batista Nacional de São Paulo.
O pastor Tognini influenciou e formou líderes de diversas denominações da igreja evangélica brasileira. Filho de imigrantes italianos, teve na experiência pentecostal o marco decisivo de sua longa trajetória como cristão. Viajou por 18 anos pelo Brasil, pregando a contemporaneidade dos dons espirituais às igrejas tradicionais e históricas. O ministério itinerante foi interrompido em 1981, quando fundou a Igreja Batista do Povo, em São Paulo.
Atualmente é Pastor Emérito da Igreja Batista do Povo e Presidente de Honra da Sociedade Bíblica do Brasil. Tognini é também autor de 48 livros, entre eles: Batismo no Espírito Santo, Tirai a Pedra e Vidas Poderosas. Ainda hoje, com quase 100 anos de idade e 71 de consagração pastoral, é um dos líderes evangélicos mais importantes do país. Viúvo, casou-se pela segunda vez com Élia Tognini. Tem três filhas do primeiro casamento: Dinéa, Edna e Noemi, três netos e cinco bisnetos.
Revista Comuna – Como o senhor define a palavra igreja?
Enéas Tognini – Igreja, que vem da palavra grega ecclesia, significa, entre outras coisas, chamar os de fora para dentro. É uma reunião, uma assembleia por convocação. Assim, igreja é o conjunto dos cristãos que se reúnem regularmente em um lugar. Também é o total de cristãos em todo o mundo e em todas as eras.
RC – A que se deve a cultura atual do “não preciso ir à igreja para ser cristão”?
ET – Essa cultura é decorrente da falta de discipulado. Além da conversão, precisamos do caminho certo da santificação. Hoje em dia, há muita ênfase na conversão, mas pouca ênfase na santificação. As igrejas estão correndo atrás de muitas coisas que não são importantes como títulos e prédios, e se esquecendo de levar cada cristão à maturidade através do discipulado.
RC – O senhor vê possibilidade de mudanças nessa cultura?
ET – Sim. Creio que muitos, hoje em dia, estão buscando as primeiras fontes do cristianismo e da igreja primitiva. Desde os apóstolos, o conhecimento bíblico e a experiência com o Espírito Santo são fundamentais para o crescimento daqueles que vão se convertendo a Cristo, entendendo que cada um é membro do corpo de Cristo – a Igreja.
RC – Quais os prejuízos para quem não tem o hábito de frequentar uma igreja?
ET – Os prejuízos são totais. Abandonar a igreja é como abandonar a própria casa. Quem abandona a igreja fica cego espiritualmente e sem estímulo nenhum para prosseguir. Sua vida de santidade e seu crescimento ficam comprometidos.
RC – Quais os benefícios?
ET – Os benefícios também são totais. Principalmente o crescimento espiritual da pessoa na graça e no conhecimento de Cristo, e a proteção da família, com os filhos sendo já encaminhados desde cedo na fé. Durante o culto há música, há oração, há serviço e há pregação da Palavra. Nós precisamos de tudo isso.
RC – Os cultos através da televisão ou Internet substituem o culto no templo?
ET – De modo algum. A televisão e a Internet têm o seu lugar, seu alcance é mundial, e sempre que se prega o Evangelho há uma resposta. Mas a Internet é algo frio, seco; você só ouve, não participa. Isso não substitui a igreja. Ela é insubstituível.
RC – Qual o seu conselho para alguém que se desviou de uma igreja?
ET – Voltar! É verdade que alguns saem desanimados ou machucados. Porém é preciso voltar, pois a cura para isso não está fora da igreja; a cura está na própria vida da igreja. E os pastores precisam de mais sabedoria para pregar a Palavra de Deus e consolar o povo.
RC – O que o senhor gostaria de ver a Igreja brasileira fazendo?
ET – A igreja brasileira está precisando dobrar os joelhos. Creio que precisamos de muita oração. A oração corrige os desvios, quebra o pecado, aplaca o orgulho e realiza o seu trabalho. Eu termino lembrando essa sentença: Muita oração, muito poder; pouca oração, pouco poder; nenhuma oração, nenhum poder. (Fonte Revista Comuna nº 33)