“Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.” (Jo 19.28).
Jesus fora condenado à morte pelo governador da Judéia, Pôncio Pilatos, a pedido dos líderes religiosos de Jerusalém. Sua condenação fora muito estranha. Primeiro, o Sinédrio o condenou à morte, mas não podia cumprir a sentença. Levaram-no a Pilatos, este negou-se a condená-lo, enviando-o a Herodes, já que Jesus era da Galiléia. Este também não encontrou motivos para a condenação e o enviou de volta a Pilatos, que para não desagradar os judeus entregou-o para ser crucificado. Tudo isto fez com que o povo presente em Jerusalém ficasse muito interessado em ver a crucificação de Jesus.
O Homem que alguns acreditavam ser o prometido Messias estava agora na cruz, como um malfeitor qualquer. Só que em sua cruz havia algo que o destacava dos demais condenados, uma inscrição acima de sua cabeça com os dizeres: JESUS NAZARENO REI DOS JUDEUS.
Todos os que estavam em Jerusalém, judeus, gregos e pessoas de várias partes do mundo que tinham vindo para a Páscoa, tinham sua atenção voltada para o Calvário. Afinal, Jesus não era alguém desconhecido. Sua fama de Grande Pregador, Grande Operador de milagres, Homem capaz de ressuscitar mortos, era comentada por todos. Muitos dos que estavam na cidade tinham visto Jesus em ação, tinham acompanhado de perto os milagres, talvez recebido uma benção. Lázaro, que havia ressuscitado há poucos dias, estava entre eles, e onde passava era apontado como o homem a quem Jesus trouxera de volta da morte.
Todas as atenções estavam em Jesus. Ele era o centro do mundo naquele dia. Se fosse hoje, todas as Transmissões de TV e rádio estariam no Calvário, mostrando ao mundo a cena inusitada de um homem que, apesar de fazer o bem, apesar de pregar salvação, de falar contra a violência, estava condenado à morte e sendo executado. Haveria manchetes do tipo: “Jesus de Nazaré é condenado á morte”; “Jesus, o que ressuscitou Lázaro está sendo executado”; “Jesus, não conseguiu salvar-se da cruz”; “Soldado enfia uma lança no lado de Jesus”.
Haveria também parte da Imprensa que iria tentar provar que Ele merecia a morte e por isso fora condenado. Iriam tentar provar que Ele causara divisões no meio do povo, que não passava de um charlatão, um curandeiro, um falso profeta que pregara a desobediência civil e que trabalhara contra a lei e a ordem. Iriam dizer que Ele era contra César. Ainda hoje, depois de mais de dois mil anos do acontecimento, existem pessoas que procuram provar que a condenação de Jesus foi justa. Que Ele era apenas mais um falso Messias.
Jesus, líder de uma comunidade de discípulos, que realizara milagres nunca antes visto. Homem que enfrentara os líderes religiosos da época, que desafiara o poderoso rei Herodes, chamando-o de raposa (Lc 13.32), agora estava ali, numa cruz sendo insultado, cuspido, e amaldiçoado por alguns. Sua posição não era nada agradável. Mas Jesus manteve a dignidade.
Jesus também era de uma sinceridade digna do Filho de Deus. Não importava se sua sinceridade iria desagradar a muitos, Ele era sincero. E nesta sinceridade Ele provocou uma cena totalmente inesperada para um homem que naquele momento era o centro das atenções. Ele mostrou fraqueza, ao dizer: TENHO SEDE.
Jesus não teve vergonha de dizer o que sentia, Ele foi sincero, mesmo sabendo que poderia escandalizar a alguns, mostrando fraqueza. Ele poderia ter feito um belo discurso, ter falado de sua inocência, dizer que fora vitima de um julgamento ilegal, que fora condenado por pressão dos chefes religiosos judeus. Que Pilatos e Herodes não acharam motivo algum para que fosse condenado a morte. Enfim, poderia apresentar sua defesa ao povo que estava assistindo a crucificação. Mas, não foi assim. Ele disse: TENHO SEDE.
Nós muitas vezes estamos com problemas, precisamos de ajuda, mas nosso orgulho não nos deixa exprimir o que sentimos. Não nos permitimos pedir a ajuda que necessitamos. Quantas vezes aconteceu de um amigo sentir que temos problemas e perguntar: posso ajudar? E nós dizemos: está tudo bem, não há nenhum problema. Quantas vezes guardamos mágoa de um irmão que nos feriu com uma palavra ou uma atitude e não temos coragem de confessar ao irmão que ele nos feriu, e com isso provocar o pedido de perdão. Mas o nosso orgulho prefere ficar guardando mágoa. Sentimos vergonha de pedir a tão necessária ajuda. Temos muita dificuldade de assumir nossas fraquezas. Tentamos mostrar uma força que não temos. Jesus não agia assim, Ele disse: TENHO SEDE.
Se nós conseguíssemos colocar nosso orgulho de lado, faríamos nossos dias bem melhores do que são. Não sofreríamos tanto com problemas que apenas uma palavra amiga resolveria. Muitas vezes nosso orgulho nos faz calar, ou dizer: está tudo bem, quando está tudo péssimo. Apenas para alguém não pensar que somos fracos.
Pensemos bem, Jesus, o Rei, o Salvador, o Criador, o Filho Unigênito de Deus, um homem que reunia ao seu redor as multidões, na hora que precisou disse o que sentia: TENHO SEDE.
Vamos ser mais humildes e seguir o exemplo de Cristo. Vamos confessar que temos sede. Sede de amigos, sede de amor, sede de uma palavra de consolo, sede de um ombro amigo, sede de um conselho pastoral, sede de uma explicação sobre algo que não entendemos. Nossa sede, seja qual for, será resolvida com uma confissão. Mas nos calamos e não temos coragem de dizer: TENHO SEDE.
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